Não gira bem

Author: Revérbero Pessoa /

É minha amiga
Falam as boas línguas
Que você não gira bem.

Seu cirandar é capenga.
Você não tem mais jeito
Não tem mais porque esperar.

Vá logo andando
E não ouse olhar pra trás.

Deixe de lado
Toda essa gente
Insistente em dizer
Que você não gira bem
E que é capenga
O seu cirandar.

Tem dias...

Author: Revérbero Pessoa /

Estes são dias cinza
Repletos de deformidades.
O ar
Agora denso e escuro,
Circula o inconsciente
Dando voltas e voltas
E sempre retomando
A mesma idéia.

Não criar

Author: Revérbero Pessoa /

Outra vez estou aqui
Debruçado sobre pena e papel.
A vida antes fácil
Agora é dolorosa

Os versos saem cambaleantes
Um por vez
Sem ordem certa.

Mas não são versos,
São palavras tortas
Atiradas no papel
Ainda em branco.

A dor do não criar
É inevitável!

Batuque bamba

Author: Revérbero Pessoa /

Saiu de casa
Às sete da noite
Com seu pandeiro
Na mão.

Já no ônibus
Começou a batucada
E batendo foi
Até o ponto final.

Saltou no ponto,
Correu feito doido
Pois o batuque verdadeiro
Já ia começar.

Esbaforido chegou,
Chegou à gafieira.

Da porta ouvia
O burburinho
E o pandeiro em sua mão
Começou a coçar.

Tocou por toda a noite,
Fez suar o barracão.
Se acabou no samba,
No pandeiro
E na cachaça.

Pela manhã
Quando a alegria teve fim
Já havia bebido
Toda a cachaça do lugar.

Vagou trôpego pelas ruas
Num cambalear gingado
Cheio de samba e tradição.

Pensamentos em pó

Author: Revérbero Pessoa /


Recolhido ao pó,
Encontro as coisas
Que realmente importam.

A superficialidade dos ídolos,
Exemplos ideais
Do viver são.

A glória corrupta,
Mascarada pela fé.
Em um tempo
Que já passou.

Espera-se pacientemente
Que num estalar de dedos [...um instante na imensidão do tempo]
Tudo se arranje,
Doce ilusão!

A vã sabedoria plástica
Implantada em
Nossas mentes.
Inertes marionetes.

Negação
Do que se foi
E do que virá!

Só nosso

Author: Revérbero Pessoa /


Meu bem
Depois de tanto tempo
Não tenho um só lamento.
Faria tudo outra vez.

Uma vez mais
Roubar-te um beijo.
E novamente
Surpreender-me.

Pensar em ti
Boa parte do dia.
Levado pela felicidade
A sorrir.

E porque não?!
Sentir as saudades
E a falta que você me faz.

Recriar nossos
Momentos mágicos.
Onde figurávamos
Em um mundo
Só nosso.

E por fim
Descobrir que juntos
Tornamos-nos um só.

Sol, vento e lua

Author: Revérbero Pessoa /

Não pude
Mais ver o vento
Que lançava
Teus cabelos ao ar.

Não pude
Mais assistir
O sol a raiar
Em ti.

Não pude
Mais decifrar
Todo o teu mistério
De bela lua cheia.

Não pude
Mais participar
Do belo espetáculo
Que é viver.

Síntese

Author: Revérbero Pessoa /

Pra você
Entreguei meu coração
Pra você
Entreguei minha paixão
E valeu a pena.

Com você
Eu pude até sonhar,
Sonhei que um dia
Ia me encontrar.
E ser feliz
Pra vida inteira.

Entregamo-nos
A esse amor.
E sabemos
Que na vida,
Nada tem tamanho valor.

Sou feliz
Por ter você.
Tenho tantas coisas
Para te dizer,
Eu amo você.

Quarta-feira

Author: Revérbero Pessoa /


No primeiro instante
Choramos de alegria
As luzes brilham
Numa festa colossal.

Os antigos ritos
Começam a ser lembrados,
Embebidos em poesia e tradição.

Todos felizes
Porque a noite começou.
Vejam só
Que baile sem igual.

Porém ao raiar do dia
Todos choramos
Com saudade no coração.

É o sol quem anuncia
A triste verdade,
Acabou o carnaval.

Novo dia

Author: Revérbero Pessoa /

Amanhã será um lindo dia
O sol a raiar
Os pássaros a cantar,
Festejando
Um novo início.

Peço sua mão.
Vamos sair,
Olhar o Sol.

Quando estamos assim
Juntinhos...
A felicidade é mais feliz.
O sorrir mais alegre.

Sinto-me em paz
Ao teu lado.
Te amo
Minha menina.

Menina

Author: Revérbero Pessoa /

Ela é a menina
Que vem
E guarda
Um brilho no olhar.

Uma moça simples
De belas feições.
Garda consigo
Um belo sorriso
Que adoro ver raiar.

Uma mulher,
Uma beleza
Que me ensinou
Dentre outras coisas
Como é bom amar.

Domingo

Author: Revérbero Pessoa /

E nossos dias
Serão lindos
Como o amanhecer
De um domingo.

Quando estás longe
Falta-me um pedaço
Sou apenas eu
Sem você...

Um amor como esse
Parece-me
O paraíso
De onde nunca mais
Quero retornar.

Eu quero você
Eu te desejo
Quero-te por perto,
Perto do coração.

O corvo

Author: Revérbero Pessoa /


Maldito corvo,
Ai estás
Em meu jazigo.

Não te é suficiente
O que fizeste?
Sombrio,
Fez questão de ver-me
Padecer aos poucos.

Teus negros olhos
Mostraram-me
O caminho a seguir.

Voei em tuas asas.
Negras penas,
Roubaram-me
A alma
E gelaram meu corpo.

Não é um costume seu
Visitar os mortos.
Aqueles que um dia carregou.

Agora estás a me olhar
Com esses olhos negros,
Vazios...
Opacos...

Em frias carnes podres
Escuto o teu agouro
Mais uma vez
A ecoar em meu tumulo.

Afasta-te,
Maldito animal!

...

Author: Revérbero Pessoa /


Como os coqueiros
Dançavam aquela noite
Quero balançar
Ao te escutar.
Voar no teu olhar
Sentir-me feliz
Ao ver o teu belo sorriso.

A noite

Author: Revérbero Pessoa /


As cores que vejo
Nos teus olhos
Escuros e fascinantes
Como a noite,
Dizem-me
Com todas as letras
O quanto gosto de ti.

Sua pele branca
É uma perfeita lua;
Magnífica na sua essência,
Esplendida em beleza.

Quando você sorri
Posso ver claramente
Um mar de pequenas estrelas.
A iluminar o teu sorriso.

Bastião dos cocais

Author: Revérbero Pessoa /

Bastião dos cocais esse é filho da terra.
Pense num cabra da peste
Já aprontou de leste a oeste
Por todo esse sertão.

Quando criança
Não tinha medo de nada,
Nem de assombração.

Já adulto
Um dia cruzou com o Zé carrapeta,
Sem hesitar
Puxou a peixeira e vociferou:
- Pode vim que eu estou pronto
Seu carrapeta desgraçado,
Posso até morrer,
Mas hoje, ainda te mato!

Da outra margem do caminho
O Carrapeta olhou
Com uma cara bem feia e disse:
-Oxente,
Agora foi que deu
Um desnutrido desse
Querendo bater n’eu.

Mas Bastião dos cocais era afoito
E partiu pra cima do desgraçado.
A briga durou três dias.
-Nunca vi no sertão
Tanta gente pra ver
Uma confusão.
Uns cansaram de esperar,
Outros pegaram no sono.
E eu quero ver a peleja acabar.

Noite a dentro
O que se ouvia
Eram os golpes cortantes
Das peixeiras no ar.
E a poeira a subir
Enroscada com o vento.

No derradeiro dia
Ambos já cansados.
O Zé bobeou,
Bastião que não é besta nem nada
Meteu-lhe a peixeira no bucho
Ferindo mortalmente
O Zé carrapeta.

- Nesse momento tive pena,
Coitado do Carrapeta
Dormiu e nada entendeu
Só se deu conta depois que morreu.

Na casa amarela...

Author: Revérbero Pessoa /


Na casa amarela
Abre-se porta,
Abre-se janela.

As pessoas que la moram
Vivem indo e vindo,
Igual a pianista no piano.
Dia após dia,
Noite após noite.
Todos em um belo cotidiano.

Zé metido a machão,
Arreganha porta, portão e janela
Tudo com um safanão.

Maria, moça fina e recatada,
Acaricia a porta
Com a mão espalmada.

Juca, o pequenino
Passa que nem percebe a porta.
Envolvido por sua alegria de menino
Mal chega e já vai saindo.

Tobias, o cachorro da família
Desaparecido há três dias,
De longe só observa.
A agonia,
Num vai e vem frenético
Da porta, do portão e da janela.

Quem sou eu?

Author: Revérbero Pessoa /

Eu não sei!
Eu não sei!
Sou todos,
Sou tudo
Bicho e humano
Um número
Um nome
Um suspiro
Um adeus...

Compasso

Author: Revérbero Pessoa /


Preta, vem logo
Pros meus braços.
Vamos assim os dois,
Em um único compasso
Embalar o coração.

Olhos nos olhos,
Boca na boca,
Respiração a ofegar.
Somos dois
Numa única batida...

Teu peito me aquece.
Nesse instante
A saudade desaparece.
Tudo é felicidade.

Claro é o dia,
Infinita a alegria
De beijar-te
Mais uma vez.

Rio urbano

Author: Revérbero Pessoa /

Ontem choveu,
O Capibaribe transbordou,
Os canais encheram
E a cidade se afogou.

Pessoas nadando
Em meio aos peixes
Tudo é água,
Rios inocentes.

Recife!
Cidade alagada.
Políticos riem
E o povo de jangada.

Falta estrutura,
Falta cidadão.
Pra cobrar dos políticos
Depois da eleição.

Author: Revérbero Pessoa /


Um cigarro aceso
Um drink na mão.
Deve agradecimentos
Por toda a ilusão.

Sabe que bem não faz,
Mas que mal há em morrer?
Vai bebendo
Vai fumando.
Esperando o sol nascer.

Sai cambaleante
Após a noite nauseante.

Nunca vi cuspir tanto,
Mal se ergue
Já cai no canto.
- Êta cachaça!

O Zé não era bom,
Mas também não era ruim.
Maldita é a Renata
Pense numa mulher ingrata
Se mandou e deixou
O pobre Zé assim.

O coitado não tem paz
Nem alegria
Sofre mais que escravo
Sem a bendita alforria.

Copo após copo
Ele tenta se afogar
Deve ser assim
Que se morre
De tanto amar.

O vento

Author: Revérbero Pessoa /

Anda por ai
Seguindo seu curso
Tal como um rio
Que se sente,
Mas não se vê.

Nele figuramos
Como meros peixes.
Cardumes inteiros
Bailando na correnteza da vida.

Fraco ou forte,
Segue seu caminho.
Nunca chega a parar!
Viaja ele assim
Pelos quatro cantos do mundo
Em suspiros incansáveis.

Tenta ser notado
Afinal de contas,
Deve ser chato
Ser transparente
Em um mundo
Tão cheio de cores.

Cidade Esperança

Author: Revérbero Pessoa /

Nas entranhas do sertão nordestino
Pra lá de onde o vento faz a curva,
Existe uma grande cidade
Chamada Doce Esperança.

De tão grande que é
Começa no fim
E acaba no começo.
Possui apenas uma única rua,
Cortada ao meio
Por uma pequenina praça.

Quem por lá passa
Mal nota a cidade.
Apenas sente uma leve sucessão de cores na paisagem.
Cores essas
Provenientes das casas
Que fazem parte de tal cenário.

As casas representam um arco-íris
E seus habitantes os flocos de algodão do céu.

Tal como no céu
A vida em Esperança
É uma monotonia constante
Tudo acontece em seus horários determinados.

O cotidiano dos esperançosos
Mais parece um ensaiar eterno, preciso e exato.
Como se cada individuo participasse de uma grande peça
No incrível teatro da vida.

Senhoras costuram rendas,
Homens no roçado,
Crianças brincam no chão quente
E o sol escaldante a tilintar em suas cabeças.

São pessoas comuns,
Com hábitos comuns.
Vivem como nuvens
Ao redor de um arco-íris.

A vida por lá passa lentamente, quase parando.
De pouquinho em pouquinho
Os moradores da Esperança
Aprendem como é bom viver
Reconhecendo fascínio e prazer
Em coisas simples
Como o céu.

O tempo

Author: Revérbero Pessoa /

É interessante
Como nos acomodamos
Ao tempo.

Os anos passam ligeiro
E todas as surpresas da vida
Tornam-se parte de um cotidiano.

O riso antes branco
Passa a ser amarelo.
Sorrisos
Dotados de falsas aparências
Agora nos rodeiam.

De fato
O tempo não vem para poupar,
Vem para nos consumir.

Sem dó nem compaixão
Ele nos arrasa
Com as marcas da velhice.

A preta, o samba e a lua

Author: Revérbero Pessoa /

Preta teu andar me encanta
Logo recordo aquele samba
Que um dia te vi dançar.

Dançavas com alegria
No meio do salão
Fazendo ventania,
Arrebatando meu coração.

A lua por vergonha se escondeu
Com medo do brilho teu.
Ninguém sabe por onde
Creio que foi pra lá do horizonte.

O céu ficou cinza
Parece-me que todos lá de cima
Tiveram pena da pobre coitada
E pra castigar
Mandaram uma bela chuvarada.

Pobre lua...
Sem ter a quem amar
Fez o céu inteirinho chorar.

A praça: Os outros

Author: Revérbero Pessoa /


Ao sentar-se
Em um dos bancos da praça.
Um senhor,
Com seus 80 anos.

Observa o amor juvenil
Brotar vívido
Do banco logo a frente.

Lembra de seus anos dourados,
Das paixões que viveu
E até mesmo as que não passaram de um forte desejo.

“Bons tempos aqueles...”
Suspira o pobre velho.

No banco a sua direita
Encontra-se um mendigo a roncar
Fazendo barulho para espantar a fome.
Sua roupas imundas estão em farrapos.

Imagina
Como um homem
Pode abtuar-se
A tais condições.

O velho lembra-se de anos atrás,
Lembra que um dia
Lutou pela igualdade,
Mas deixou-se corromper
Pelo espirito capitalista.

Olhando para a esquerda
O velho vê um banco vazio.
Logo questiona-se
Sobre quem irá ocupa-lo.

Começa a observar a praça.
Suas faces e contornos.
Praça essa que visita regurlamente,
Todos os dias as 9:00hs.

A praça: Faces e contornos

Author: Revérbero Pessoa /


Seu nome
Remete a um herói lacal
“Praça Hermétero leão”.

Jovem que salvou
Três famílias de uma casa em chamas.
Pobre Hermétero,
Acabou morto.

Encontra-se bem conservada,
Devidamente arborizada.
Representa um oásis
Em meio ao caos urbano.

Lá existe uma pequena lagoa
Onde pessoas divertem-se
Alimentando os famintos patos
Com pipocas.
No centro da lagoa
Encontra-se inerte ao tempo
O personagem q da nome
A praça.

Mal sabe o velho
Que a praça o conheçe muito bem.
Desde sua infância o analisa.

A praça: O velho

Author: Revérbero Pessoa /


Todos os dias lá está ele
No mesmo banco.
Calado,
Sereno.
A refletir sobre o passado
Comtemplando o presente.

É calvo,altos
E um tanto gordo.
Detentor de um grande rancor
Não costuma sorrir.
Vive amargurado.

Desde criança
Frequenta a mesma praça.
Primeiro com sua mãe,
Depois com seu pai
E por fim,
Sozinho.

Do banco em que encontra-se
Olha o tempo passar.
Gastando
A sua solidão
Em meio aos pombos.

Novos ares

Author: Revérbero Pessoa /

Um dia o tempo não mais passará.
Dias intermináveis,
Noites eternas.

Objetos sem vida
Encherão as ruas, becos e pontes.

Tudo parado...

O vento impera ofegante.
Constitui força e matéria
Sussurrando por todos os cantos
Decompondo a massa.

Acordo e percebo
Que sonhei
Com um mundo ideal.

Um belo cenário
Contemplador da inércia vital
Dos vivos.

Cinza é o céu

Author: Revérbero Pessoa /


O dia amanheceu cinza.
Nuvens em tons escuros encobriam o céu.
Da janela observo pessoas.

Todas me parecem estátuas de gesso
Degenerando-se ao contato com a água,
Morrendo um pouco mais a cada gota.

Chove bastante...
Gotas de chuva
Rasgam de maneira agressiva o vidro.

Em pouco tempo
Estarei mais uma vez solitário
A vagar por ruas e pontes desertas.

Calmamente troco passos.
Em meio a poças de lama
Pensamentos embaralhados brotam de minha cabeça.

Continuo a andar.
Sem o burburinho da sociedade
Consigo refletir e organizar as idéias.

Em passo único e solitário
Continuo a vagar.
Sem propósito nem destino
Tentando encontrar um motivo para viver.

Sertanejo

Author: Revérbero Pessoa /

Espécie estimável de humano
Habita uma área castigada pela seca
Fenômeno natural de muita crueldade.


Desde o ventre,
O pequenino sertanejo aprende a lutar.
Tenta ele o que pode para manter-se vivo
Na escassez de nutrientes
Retira o Maximo que pode das entranhas de sua mãe.


Quando cresce aprende que a vida
Era bem melhor onde estava.
Trabalho e mais trabalho
No roçado.
Cuidado para com o pouco rebanho que tem.
Gasta ele suas energias
Que em época de fartura.
Retira de sua alimentação
Rica em nutrientes.
E na seca
Tira da macambira e da mucunã .


Parece ele um homem de ferro
Com múltiplas funções
Hora agricultor,
Hora vaqueiro
Hora retirante.


Sua fé é incontestável
Religioso que só ele.
Crê que a chuva sempre virá
Trazendo alegria à paisagem desolada
De terra rachada e pouca ou nenhuma vegetação.


Quando a seca é grande
Vira ele retirante.
Toma o rumo do litoral
A procura de terras mais verdes
Mas só abandona a terra querida
Quando se vê em condições de fome extrema.


A fome em si.
Muda completamente o comportamento
Desse santo homem
Perde a calma
Perde a paciência
E perde o escrúpulo.
Vira bicho feroz.
A fome meus amigos
Transforma o mais santo dos homens
No mais cruel dos assassinos.
Matando sem ver cara nem coração
O cheiro do sangue em sua peixeira
Há essa hora lhe parece agradável.
Mata até ser morto.


Quando tem noticias de que
A tenebrosa seca acabou.
Retorna a massa sertaneja
A sua terra prometida.
Planta e cria
Tudo novamente até que chegue
A seca outra vez.


Vive assim o sertanejo
Amando sua terra e
Seus costumes.
Não a troca por nada.


Pareceria engraçado se falasse
Mas é a pura verdade
Não é o sertanejo que é dono da terra
E sim a terra é dona do sertanejo.

O futuro

Author: Revérbero Pessoa /

Carroças de ferro
Vagam pelas ruas,
Soltando a fumaça do progresso.

Progresso construído a um altíssimo custo
Renegamos a vida
Pelo bem da evolução.

O sol, já não brilha tão intensamente,
Os vegetais não mais respiram
E eu apenas observo.
Parado, inerte e triste.

Observo a desgraça que ajudei a construir,
As coisas que modifiquei.
O bom senso, a ética e outros valores
Que de tão importantes, os desprezei.

Valores oriundos de um passado glorioso
De respeito e cordialidade.

Aqui, vegetal como me encontro
Faço-vos um simples questionamento
Evoluímos?

...

Author: Revérbero Pessoa /


Tudo o que tem q ser
Um dia vai passar.

E nesse dia você verá
Que o tudo era absolutamente o nada.
Coisas vãs e sem importância.

Vai querer se livrar
Disse ou daquilo.

Mas o nada
Já te consome por completo.

Não há mais saída,
Nem tempo para pensar
Ou alterar o que foi feito e dito
Não há uma segunda chance.

João

Author: Revérbero Pessoa /


La vai o João,
Bobo e risonho
Como sempre fora.

João é feliz.
Não tem medo de viver, de rir ou chorar.
Não liga para o que os outros pensam
Ou até mesmo
Dizem a seu respeito.

Vive sua vida de
Maneira intensa saboreando cada momento
Cada instante.

Sempre risonho desce a rua assobiando
Sua modinha preferida.
Há muito popular
Que fez sucesso nos tempos de seu pai.

João meus amigos
Vive assim
De um sorriso pra outro.
Transplantando alegria ao peito alheio.

Ô vida boa.

A despedida do João

Author: Revérbero Pessoa /


Quem diria que o João
Nosso doce amigo de versos passados
Deixasse um dia de sorrir,
De sentir e passar toda aquela alegria
Que a todos contagiava.

É João, meu nobre amigo
Não mais o reconheço.
Andas por ai deprimido a sussurrar e murmurar
O teu amor perdido.

Vagando de bar em bar
Tentas esquecer o que antes era sólido
E agora virou pó.

Mas um dia tudo isso teve um fim.
Se foi bom ou ruim,
Não cabe a mim o dom de julgar.

Só sei que foste beber
Para afogar todo o sentimento ruim
E terminaste afogado por ele.

Pobre João,
Por que tu meu amigo
Quis um dia amar?

Carta

Author: Revérbero Pessoa /


Chegamos de mansinho um no outro.
Conversas simples e sem nenhum significado
Deram inicio a nossa pequena história.

As horas passavam depressa
Naquela noite de janeiro.
A cada minuto meu desejo aumentava.

Finda toda a diversão
Voltamos para casa.
Mesmo com o sono a nos rodear
Conversamos...

Desde o primeiro momento que te vi
Pude ver a bela mulher
Que você havia se tornado.

Não resistindo à tentação
Roubei-te um beijo.
Confesso que estava com medo
De uma possível rejeita.

Para meu alivio,
Beijaste-me.

Com o passar dos dias
Encontramos-nos várias vezes.
Encontros esses que figurarão
Eternamente em minha memória.

No meio de tantas risadas
Deixamos de perceber
Que a cada dia
Apegávamos-nos um ao outro.

Nunca esquecerei
Nós dois na beira da praia
Numa noite fria.
Aonde o mar vinha beijar nossos pés.
E a lua, coitada,
Por não poder amar escondeu-se por trás de nuvens escuras.

Chovia fino quando nos beijamos.
Por um momento flutuamos,
Esquecemos do mundo.
Por doces e adoráveis minutos
A única coisa que nos importava era o momento.

E como foi dolorido
Ter que te deixar.
Olhar para trás e vê
Que tudo
Agora são só boas lembranças.

Despedidas sempre são tristes.
Sentia um grande amargo na boca
E um forte aperto no peito
Quando te disse adeus.

Sei que choraste
Assim como também chorei.
A dor que se sente ao perder algo
É grande, mas toda essa grandeza
É dissolvida em lágrimas.

Creio que seja próprio do ser humano
Chorar ao partir.

E o céu a nos observar
Também chorou ao nosso adeus.


Dedicado a Kiara, que fez os meus dias mais felizes.