Vivendo da inconstância de outro ser.
Que me obrigou a viver
Nesse nefasto mundo do esquecimento.
Que de tão negro e medonho,
Até minha própria sombra
Fiel amiga e companheira de degradantes horas.
Deixou-me e partiu a vagar em outros seres,
Outros mundos,
Quem sabe até mais felizes.
Não sinto, não respiro
Não possuo ação ou reação.
Tudo o que faço
É o pouco que ainda me alegra.
Enxergar, observar
Até mesmo tatear
Esse mundo escuro e de tal forma homogêneo
Que começo a sentir-me parte dele.
O vazio
Author: Revérbero Pessoa /Por fim
Author: Revérbero Pessoa /Ei. Cadê você
Que nunca mais chegou assim
Juntinho de mim.
É. Acho que esqueceu
Que o teu coração,
Um dia
Já foi todinho meu.
Vai me diz por que
Você se foi,
Porque tinha q ser assim
É só tristeza em mim.
E assim.
Sem hesitar
Eu fico aqui
A te esperar.
Chuva do céu
Author: Revérbero Pessoa /Chuva do céu.
Quero que caias sem me notar
A passar em meio a teu pranto.
Chuva do céu.
Vem ao meu encontro.
Que tuas gotas mais líquidas
Caiam sobre minha pele.
Chuva do céu.
Vem lavar todo esse desprezo
E retirar toda essa mágoa
Que só com água sairão.
Chuva do céu.
Peço que não me encharque,
Pois meu desprezo e mágoa
São fontes de singela ilusão.
Sobre o ato de escrever
Author: Revérbero Pessoa /
O tédio corrompe minha alma
E corroi meu corpo por completo.
Passo horas ao leu
Há esperar os versos.
Com a pena na mão
Fico a refletir,
Imaginar...
Repentinamente rabisco o papel.
Uma idéia puxa outra e a outra puxa uma,
Assim construo meu castelo de idéias.
Única e definitiva fortaleza.
Enquanto a alegria.
Essa manifesta-se apenas
Ai final da ultima estrofe.
Quando imprimo no papel
O derradeiro ponto.
Mas a alegria de escrever
É de certa forma
Diferente da vã alegria cotidiana.
Ouso dizer que trata-se de um novo sentimento
Deveras prazeroso e contraditório.
Ao mesmo tempo oblíquo e revelador.
Doce e pura liberdade.
Morena
Author: Revérbero Pessoa /Teu sorriso, morena
Irradia vida,
Traz-me alegria
E enche-me o peito de esperança.
O gingado deveras majestoso que possuis
É herança da raça.
Tem o dom
De iludir e encantar.
Olhos negros como a noite
Reflexos de um mar talhado em felicidade.
Olhos de desejo e tentação.
A cor da tua pele
É capaz de enlouquecer
Insinua ao pecado carnal.
Teu corpo perfeito.
Lapidado pelos raios do sol
Perturba-me o juízo.
Beiro a loucura ao relembra
Tuas formas.
É morena.
Fico eu aqui a pensar
Como seria bom
Te ver sorrir,
Te ver chorar,
Sentir o gosto do teu batom
E por fim te amar.
Monólogo de um defunto
Author: Revérbero Pessoa /
Olhando todos vocês ao meu redor
A observar-me com seus coloridos olhos.
Imóveis como estátuas de sal
Que o vento vai levando de grão em grão
Para longe de meu morto olhar.
Apresento-me bem
Diante de tais consciências quem um dia me julgarão.
Visto um traje de extrema elegância,
Um belo paletó emadeirado
Ornamentado com flores e um belo tecido de seda.
Passam-se as horas...
E não enxergo mais o grande fluxo de pensamentos de outrora.
Acho que a hora certa aproxima-se.
Ao longe ainda consigo ouvir um misto
De choro [lágrimas], agonia e orações.
Do meu novo e interessante ponto de vista
Tudo isso me parece uma ladainha sem fim.
Alguém atira-se por sobre minha nobre vestimenta,
Em um ultimo e desesperado suspiro de esperança
Causando um grave amassado em minha roupa.
Algo que me perturbará pela vasta imensidão da eternidade.
Sete palmos, eis a exata medida do fim humano.
O tempo passa um pouco mais...
Sinto o doce e inebriante perfume das rosas,
Rosas jogadas para um cadáver, que ironia!
Agora estou coberto por terra
Uma terra negra e silenciosa que soa como ópera em meus ouvidos.
Só uma coisa me resta,
A longa espera pelos vermes.