Sertanejo

Author: Revérbero Pessoa /

Espécie estimável de humano
Habita uma área castigada pela seca
Fenômeno natural de muita crueldade.


Desde o ventre,
O pequenino sertanejo aprende a lutar.
Tenta ele o que pode para manter-se vivo
Na escassez de nutrientes
Retira o Maximo que pode das entranhas de sua mãe.


Quando cresce aprende que a vida
Era bem melhor onde estava.
Trabalho e mais trabalho
No roçado.
Cuidado para com o pouco rebanho que tem.
Gasta ele suas energias
Que em época de fartura.
Retira de sua alimentação
Rica em nutrientes.
E na seca
Tira da macambira e da mucunã .


Parece ele um homem de ferro
Com múltiplas funções
Hora agricultor,
Hora vaqueiro
Hora retirante.


Sua fé é incontestável
Religioso que só ele.
Crê que a chuva sempre virá
Trazendo alegria à paisagem desolada
De terra rachada e pouca ou nenhuma vegetação.


Quando a seca é grande
Vira ele retirante.
Toma o rumo do litoral
A procura de terras mais verdes
Mas só abandona a terra querida
Quando se vê em condições de fome extrema.


A fome em si.
Muda completamente o comportamento
Desse santo homem
Perde a calma
Perde a paciência
E perde o escrúpulo.
Vira bicho feroz.
A fome meus amigos
Transforma o mais santo dos homens
No mais cruel dos assassinos.
Matando sem ver cara nem coração
O cheiro do sangue em sua peixeira
Há essa hora lhe parece agradável.
Mata até ser morto.


Quando tem noticias de que
A tenebrosa seca acabou.
Retorna a massa sertaneja
A sua terra prometida.
Planta e cria
Tudo novamente até que chegue
A seca outra vez.


Vive assim o sertanejo
Amando sua terra e
Seus costumes.
Não a troca por nada.


Pareceria engraçado se falasse
Mas é a pura verdade
Não é o sertanejo que é dono da terra
E sim a terra é dona do sertanejo.

O futuro

Author: Revérbero Pessoa /

Carroças de ferro
Vagam pelas ruas,
Soltando a fumaça do progresso.

Progresso construído a um altíssimo custo
Renegamos a vida
Pelo bem da evolução.

O sol, já não brilha tão intensamente,
Os vegetais não mais respiram
E eu apenas observo.
Parado, inerte e triste.

Observo a desgraça que ajudei a construir,
As coisas que modifiquei.
O bom senso, a ética e outros valores
Que de tão importantes, os desprezei.

Valores oriundos de um passado glorioso
De respeito e cordialidade.

Aqui, vegetal como me encontro
Faço-vos um simples questionamento
Evoluímos?